Do sonho da subida à final da taça ao virar da esquina. A epopeia do Aliança de Gandra
Fábio Lopes
Domínio absoluto na série dois da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto (AFP) e a final da Taça ao virar da esquina. O Aliança de Gandra vive uma temporada de sonho que espera ver coroada com a ascensão ao Campeonato de Portugal.
Entusiasmo e regozijo são as palavras de ordem na pequena freguesia de Gandra no concelho de Paredes.
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O registo dos “heróis” da vila não deixa margem para dúvidas. O conjunto liderado por Marcos Nunes soma apenas duas derrotas em 38 jogos disputados com números verdadeiramente avassaladores: 87 golos marcados e 22 sofridos na totalidade da época e 17 pontos de avanço para o segundo colocado do campeonato, o Alpendorada.
Dados que refletem o trabalho de excelência levado a cabo pelo Aliança de Gandra e bem espelhados no orgulho que as suas gentes sentem por estes dias, especialmente por quem faz do clube a sua vida, a sua rotina.
“Este ano temos feito um trabalho, na minha opinião, muito bonito e vamos à luta para engrandecer ainda mais a história deste clube”, frisa João Moreira, presidente do emblema fundado a 16 de agosto de 1936 e que está à frente dos destinos do clube há quatro mandatos consecutivos.
“É um orgulho imenso ser presidente de um clube assim. Não há dinheiro que pague uma alegria destas”, reforça o dirigente, dominado pela ilusão de fazer regressar o clube aos campeonatos nacionais, feito atingido somente por uma ocasião, em 2015/16.
O percurso triunfante dos homens de Gandra tem um líder: Marcos Nunes, o timoneiro do plantel, que orienta o clube desde a temporada transata.
“Tem sido uma época fantástica, muito pela qualidade dos nossos jogadores. Tivemos ali uma sequência de 10 vitórias consecutivas e praticamente o campeonato ficou feito. Nós já estamos apurados para o play-off há cinco ou seis semanas”, vinca o técnico que conta com uma passagem de duas décadas pela formação do Clube Desportivo das Aves.
O segredo para o sucesso alcançado está alicerçado na união da equipa, garante o madeirense Maurício, capitão do Aliança de Gandra, reforçando que as expectativas têm sido superadas de sobremaneira.
“O objetivo era [alcançar] os seis primeiros lugares: Super Elite para o ano, mas agora vamos à luta. Eu acho que o segredo da equipa é mesmo a união: é um grupo fantástico. É o melhor grupo que já apanhei”, sublinha categoricamente.
Os êxitos que têm catapultado o clube para a ribalta do futebol distrital da Invicta não apagam a humildade que reina no clube, marcado por um dia-a-dia de constante superação.
“Somos um clube humilde que funciona ao cêntimo, isto é a realidade do clube. Sou presidente e se for preciso faço porta. O vice-presidente é roupeiro no clube, com todo o orgulho de certeza absoluta. Aqui não há cargos de gravata, há cargos de trabalho”, remata João Moreira.
Ainda assim, nada está ganho e seguem-se os play-offs de subida com os dois primeiros classificados de ambas as séries da Divisão de Elite da AF Porto. Para já, essa aventura arrancou com uma derrota por duas bolas a zero, diante do Alpendorada. A par do sonho do retorno aos campeonatos nacionais, o trajeto na Taça da AF Porto é outro dos objetivos do plantel.
O Aliança de Gandra está na final da competição após eliminar de forma categórica o Águas Santas nas meias-finais, com um agregado de 10-0 nos dois jogos e terá pela frente o SC Coimbrões.
“Quando cheguei aqui uma das promessas que fiz ao presidente foi, pelo menos, chegar a uma final da Taça. Penso que os meus jogadores estão preparados para enfrentar todas as dificuldades que possam aparecer”, remata Marcos Nunes.
A formação do concelho de Paredes lutará assim para suceder ao FC Foz, atual detentor da taça mais desejada, e para conquistar uma vaga direta na edição de 2024/2025 da Taça de Portugal.